quarta-feira, 8 de dezembro de 2021

Opinião :: Natureza Morta | Paulo José Miranda

Título: Natureza Morta
Autor: Paulo José Miranda
Editora: Círculo de Leitores
Ano: 2000 (1.ª edição de 1998)

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Sinopse:
«Paulo José Miranda escolheu para escrever o seu romance Natureza Morta o músico português João Domingos Bomtempo, que no ano de 1816, quando Portugal, diz o narrador, "já não era um país", regressou à sua terra para enfrentar-se, para enterrar um tio, para recordar os pais falecidos, para ver a decadência e a pobreza de um povo, para assistir a uma conspiração política, para encontrar uma jóia musical, para escrever um miserere.

Com estes vimes, Paulo José Miranda escreve um romance também de iniciação, mas em que se revelam já os traços de quem perseverará neste ofício duro que é a escrita. (...)

O olhar triste e melancólico de João Domingos Bomtempo, por "este peso enorme de ser homem, esta tristeza de não poder ser somente música", confunde-se com o esforço de Paulo José Miranda por tornar sensível a pulsação da cultura portuguesa, de que se nutre e a que presta homenagem. Tarefa difícil, mas Miranda soube ultrapassar os obstáculos, convencendo os leitores do valor da aposta e do seu resultado.»


PILAR DEL RIO, membro do júri do Prémio Literário José Saramago
 
Opinião:
Decidi pegar neste livro para ler por ser uma obra de poucas páginas e por estar a precisar de ler livros mais pequenos que puxassem mais por mim. Ando numa ressaca literária sem precedentes. E nem este livro ajudou...

Natureza Morta, obra com a qual Paulo José Miranda venceu o Prémio Literário José Saramago em 1999, tem como personagem principal João Domingos Bomtempo, músico português a viver em Paris mas que volta a Lisboa para o funeral de um tio. O enredo decorre em 1816, altura das Invasões Francesas e de uma crise económica e institucional em Portugal. Estes factos, aliados às circunstâncias da vida de Bomtempo, levam o músico a questionar-se acerca da vida e da morte, temas que também se reflectem na sua inspiração musical e que o levam a criar a sua obra Requiem.

A narrativa é, portanto, mais melancólica e baseia-se na solidão, na angústia e no refúgio de Bomtempo na música no seu dia-a-dia, pois ele diz que "Em mim, a miséria só pode ser combatida e amada com música.". No entanto, apesar de esta ser um escape, a música torna-se inútil quando se está de volta à realidade.

A escrita de Paulo José Miranda torna o texto mais poético e, nesta obra, levou-me a reflectir sobre a arte e aqueles que a utilizam para expressar os seus sentimentos. Contudo, o livro não me cativou como gostaria.

Penso que o livro vale a pena ser lido, mas não numa altura de ressaca literária nem em alturas mais sombrias.

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