sábado, 2 de maio de 2020

Opinião :: Vitória - De Amor e de Guerra | Luísa Beltrão

Título: Vitória
Autora: Luísa Beltrão
Editora: Manuscrito
Ano: 2016

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Sinopse:
Na madrugada de 4 de novembro de 1917, quando faziam exatamente cento e três dias sobre a saída de Vitória de Lisboa, Andrew dava entrada no hospital de Arras. E a vida de Vitória altera-se para sempre.
Desde que entrara no cenário de guerra, onde numa questão de segundos se podia viver ou morrer, ficar louco, cego ou desmembrado, Vitória aprendera que a vida nos conduz, de forma sinuosa, para constantes acasos.
Chegara a França para acompanhar o marido, soldado do contingente português na Primeira Guerra Mundial, deixando para trás os filhos e a família. Um acaso fá-la ingressar no corpo de enfermagem como voluntária num hospital inglês e, por outro acaso, estava de serviço naquela madrugada em que ficou incumbida de cuidar do soldado da cama sete. Um herói de guerra, médico, celebrizado nas trincheiras por salvar vidas.

Luísa Beltrão regressa à escrita com um romance poderoso de amor e de guerra.
Pelos olhos de Vitória vemos passar a calamidade do conflito que assolou a Europa, conhecemos a história de uma família dividida pela guerra; através dos diálogos com Andrew questionamos o sentido da vida e das nossas expectativas. E sentimos a solidão, aquele vazio assustador que antecede a esperança.

Opinião:
Vitória – de Amor e de Guerra é a história de uma linhagem familiar que culmina com o casal Guilherme e Vitória; ele que parte para a guerra em França, e ela que se voluntaria a fazer parte do corpo de enfermagem do hospital inglês em Arras. No meio do terror dos soldados feridos e da morte tão presente, Vitória acaba por ficar a cuidar de um soldado em particular, Andrew. Ali, surge uma amizade e um carinho especial, que os faz falar, conhecer-se e desabafar no pouco tempo que os une.
Além disso, é-nos dada a conhecer a história de família a par da História de Portugal desde o pós Invasões Francesas.

Este livro proporcionou-me sentimentos distintos. De início, e durante a leitura, fiquei um pouco desiludida com a história, além de um pouco confusa. Achava que a relação de Vitória com Andrew fosse ser mais romântica, não pelo sentido da paixão (porque Vitória era casada com um dos soldados), mas pela forte ligação de criaram. Também a história de família ocupou demasiadas páginas, acabando por se centrar mais no crescimento da família do que na guerra. No entanto, mais para o final, a relação entre a conjuntura do país, a guerra e a família de Vitória tornaram o livro mais interessante e emocionante.
Penso que parti para a leitura deste livro numa altura que se pode relacionar com o assunto da obra. Estamos em 2020, em plena guerra contra uma pandemia mundial. Tal como agora, no livro presenciamos uma guerra – a Primeira Guerra Mundial –, seguida pela pneumónica, epidemia que matou milhares de pessoas na altura.

Gostei muito de conhecer mais ao pormenor a História nacional e da visão de Guilherme relativamente ao agradecimento que Portugal fez aos soldados portugueses na guerra, tendo-os elevado a heróis mas sem ter a mínima noção do terror por que eles passaram. Segundo ele, o país deveria sentir vergonha em vez de orgulho.
Além disso, e num contexto mais pessoal, gostei de conhecer a árvore genealógica das personagens. Uma das minhas paixões é a genealogia e, auto-aprendizagem na área, reconheci alguns factos históricos, tal como os nomes que eram tão comuns na época.
Quanto à escrita, foi a primeira vez que li algo de Luísa Beltrão e, de início, tive de me habituar à sua maneira de escrever, mas acabei por o fazer facilmente e gostei muito.
O livro não é propriamente fácil para se ler rapidamente, mas é muito rico em cultura e traz uma história que vale a pena conhecer.

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