Título: Vitória
Autora: Luísa Beltrão
Editora: Manuscrito
Ano: 2016
Sinopse:
Na madrugada de 4 de novembro de 1917, quando faziam exatamente cento e
três dias sobre a saída de Vitória de Lisboa, Andrew dava entrada no hospital de
Arras. E a vida de Vitória altera-se para sempre.
Desde que entrara no cenário de guerra, onde numa questão de
segundos se podia viver ou morrer, ficar louco, cego ou desmembrado, Vitória
aprendera que a vida nos conduz, de forma sinuosa, para constantes acasos.
Chegara
a França para acompanhar o marido, soldado do contingente português
na Primeira Guerra Mundial, deixando para trás os filhos e a família. Um
acaso fá-la ingressar no corpo de enfermagem como voluntária num
hospital inglês e, por outro acaso, estava de serviço naquela madrugada
em que
ficou incumbida de cuidar do soldado da cama sete. Um herói de guerra,
médico,
celebrizado nas trincheiras por salvar vidas.
Luísa Beltrão regressa à escrita com um romance poderoso de amor e de guerra.
Pelos olhos de Vitória vemos passar a calamidade do conflito que assolou a Europa,
conhecemos a história de uma família dividida pela guerra; através dos diálogos
com Andrew questionamos o sentido da vida e das nossas expectativas. E sentimos
a solidão, aquele vazio assustador que antecede a esperança.
Opinião:
Vitória – de Amor e de Guerra é a história de uma linhagem familiar
que culmina com o casal Guilherme e Vitória; ele que parte para a guerra
em França, e ela que se voluntaria a fazer parte do corpo de enfermagem
do hospital inglês em Arras. No meio do terror dos soldados feridos e
da morte tão presente, Vitória acaba por ficar a cuidar de um soldado em
particular, Andrew. Ali, surge uma amizade e um carinho especial, que
os faz falar, conhecer-se e desabafar no pouco tempo que os une.
Além disso, é-nos dada a conhecer a história de família a par da História de Portugal desde o pós Invasões Francesas.
Este
livro proporcionou-me sentimentos distintos. De início, e durante a
leitura, fiquei um pouco desiludida com a história, além de um pouco
confusa. Achava que a relação de Vitória com Andrew fosse ser mais
romântica, não pelo sentido da paixão (porque Vitória era casada com um
dos soldados), mas pela forte ligação de criaram. Também a história de
família ocupou demasiadas páginas, acabando por se centrar mais no
crescimento da família do que na guerra. No entanto, mais para o final, a
relação entre a conjuntura do país, a guerra e a família de Vitória
tornaram o livro mais interessante e emocionante.
Penso que parti
para a leitura deste livro numa altura que se pode relacionar com o
assunto da obra. Estamos em 2020, em plena guerra contra uma pandemia
mundial. Tal como agora, no livro presenciamos uma guerra – a Primeira
Guerra Mundial –, seguida pela pneumónica, epidemia que matou milhares de
pessoas na altura.
Gostei muito de conhecer mais ao pormenor a
História nacional e da visão de Guilherme relativamente ao agradecimento
que Portugal fez aos soldados portugueses na guerra, tendo-os elevado a
heróis mas sem ter a mínima noção do terror por que eles passaram.
Segundo ele, o país deveria sentir vergonha em vez de orgulho.
Além
disso, e num contexto mais pessoal, gostei de conhecer a árvore
genealógica das personagens. Uma das minhas paixões é a genealogia e, auto-aprendizagem na área, reconheci alguns factos
históricos, tal como os nomes que eram tão comuns na época.
Quanto à
escrita, foi a primeira vez que li algo de Luísa Beltrão e, de início,
tive de me habituar à sua maneira de escrever, mas acabei por o fazer
facilmente e gostei muito.
O livro não é propriamente fácil para se
ler rapidamente, mas é muito rico em cultura e traz uma história que
vale a pena conhecer.
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