Foi com grande expectativa que esperei pelo regresso do nosso Festival da Canção, pois
a RTP esmerou-se (a sério) na divulgação do concurso, bem como na
escolha dos compositores e, consequentemente, dos cantores que, sendo a
maioria do conhecimento geral do público, gerou bastante curiosidade em
relação às canções.
Ontem, creio que Portugal voltou a juntar-se para ver o Festival, tal
como acontecia antigamente; não sei explicar, mas tive mesmo essa
sensação. E senti também um entusiasmo tão grande porque achava que iria
ouvir excelentes canções... mas todo esse entusiasmo foi por água
abaixo quando ouvi as primeiras.
Quem abriu o palco foi Márcia, que levou uma canção muito calma e que
representa bem o seu género musical. Não me aqueceu nem me arrefeceu,
mas continuei na mesma expectante em relação às próximas.
Depois, as Golden Slumbers apresentaram outra canção calminha mas um
nada mais animada do que a primeira. Admito que passei a gostar mais
delas (das Golden) e achei a música fofinha, fazendo-me até lembrar de
uma canção holandesa da Eurovisão de há uns anos, mas...
Em terceiro foi o tão ansiado Fernando Daniel! Eu estava mesmo desejosa
por conhecer a canção, mas... o que foi aquilo? Uma mistura de
Disney, musical e rock? Bem, era o que podia ter esperado do Nuno Feist
(ele já nos habituou a isto). O Fernando foi impecável, mas a música
estragou tudo! Não consigo exprimir a minha desilusão a partir deste
momento!
De seguida cantou Deolinda Kinzimba, outra voz tão conhecida. No entanto, na canção notava-se muito o estilo de Rita
Redshoes e não se ligou muito bem à cantora; achei-a demasiado fraquinha
para a Deolinda e não puxou por ela. Aliás, a Deolinda bem lhe deu uns
toques pessoais, mas não ficaram muito bem...
A canção número cinco foi cantada por Rui Drummond. Mais uma vez, a
desilusão tomou conta de mim: esperava uma música mais mexida, mais
animada, como tantas que os HMB têm, mas não. A canção não foi má, mas
já era demasiada calmaria até então. Não obstante, adorei a voz do Rui!
Teria sido uma boa oportunidade para ele mostrar o poder da sua voz em
Kiev, onde há 12 anos a sua prestação, junto da Luciana Abreu, não
correu como merecia ter corrido... Foi uma pena.
Seguidamente veio a primeira canção totalmente em inglês de sempre.
Quando disseram que esta seria do género disco e Saturday night
fever, até saltei do sofá, pois é dos meus géneros favoritos! Mas,
outra vez, a música não puxou por mim. Lisa Garden não tinha power na voz,
apesar de ter mostrado uns tímidos movimentos de dança. A música só me
marcou pela diferença e novidade, mas não gostei muito dela.
A canção número sete foi a que deu mais que falar. Os manos Sobral
levaram uma canção calminha, muito Disney, muito género da Luísa
(não conhecia
o Salvador, portanto não sei qual é o seu género musical). Nunca fui fã
de Luísa Sobral, mas achei o timbre do Salvador muito semelhante ao
dela (quem sai aos seus não degenera!). No momento em que a ouvi, a
música não me cativou. Gostei da voz, um pouco da melodia (a
orquestração recordou-me os festivais antigos), mas talvez o jeito que
ele teve ao cantar não me parecesse muito sério. Mas agora, depois de
ter ouvido e visto de novo a actuação, fiquei a gostar mais.
Por último, mas não menos importante (bem, tendo em conta as
canções que se ouviram, não sei se é lógico dizer isto...), cantaram os
Viva la Diva. Também estava muito curiosa em relação a este trio, pois
não sabia o que esperar. Fui gostando da música enquanto a Kika estava a
cantar, mas o boom deu-se quando apareceram os dois homens: e, neste
caso, o boom não foi positivo. Eles são cantores líricos! Esperei tudo
menos isto! A música até era boa, mas eles eram desnecessários, pois
assim fica exagerada! Na Eurovisão, estes exageros já não costumam dar
bons lugares... Ai, quem me dera que reconsiderassem!
E assim terminou o desfile musical. E eu fiquei com a sensação de que
foi um desperdício de tempo. Doía-me o peito com a desilusão de tudo
isto e só me ria para não chorar. Fui acompanhando as redes sociais e
toda a gente sentia o mesmo.
Durante o período de votações do público, houve dois
medleys de canções que não venceram os Festivais da Canção. Foi, certamente, o momento
mais animado de toda a emissão e desejei secretamente que fosse aquele
grupo a representar-nos lá fora! Mas, claro, tinha de haver algo
negativo: todas essas músicas eram antigas, sendo a mais recente do início dos anos 80. E as da minha época, RTP? Bem sei que não ficaram tanto no
ouvido e na memória dos portugueses, mas estar sempre a relembrar o passado longínquo já cansa...
Quando chegou a hora das votações, foi outro momento de desgraça: as poucas que achei melhorzinhas foram as que ficaram pelo caminho. Vá lá que também passou uma das que faziam parte desse leque... No fim, fiquei a desejar com todas as minhas forças que a próxima semi-final fosse melhor... Se bem que será difícil ser pior!
... Será?
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