sexta-feira, 13 de julho de 2018

Opinião :: Justine | Marquês de Sade

Título: Justine
Autor: Marquês de Sade
Editora: Impresa Publishing
Ano: 2009 (originalmente publicado em 1791)
 
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Sinopse:
Este livro acompanhou toda a vida do Marquês de Sade, tendo sido reescrito ao longo dos anos, em várias versões – inicialmente anónimas, mas que, entre outros «crimes», conduziram o autor à prisão, em 1801, por ordem de Napoleão Bonaparte. Justine – personagem emblemática desta figura da aristocracia, que se celebrizou por escândalos sucessivos e pela sua vida depravada – é uma jovem aparentemente virtuosa que vai relatando, com os mais explícitos pormenores, uma vida de orgias, abusos, violações e «sadismos» vários...

Opinião:
Esta obra é um clássico da escrita francesa do século XVIII, que tive oportunidade de ler e da qual criei uma certa imagem que não correspondeu propriamente ao seu conteúdo.
 
Nesta história, conhecemos duas jovens irmãs, Juliette e Justine, que viviam bem mas, perante umas reviravoltas da vida, acabam por seguir caminhos separados. Ambas são física e psicologicamente distintas e fazem igualmente escolhas diferentes ao longo da vida; enquanto que Juliette é mais astuta e perspicaz e consegue chegar a um bom estatuto, ainda que por vezes tivesse sido moralmente incorrecta, já Justine é mais ingénua, sensível e de boa-fé, sendo mais devota a Deus e desejando fazer o bem, só que a sua alma caridosa não a salvou de uma vida cheia de agruras.
 
O livro trata-se então do relato de todo o percurso das duas irmãs, mas com destaque para o de Justine; sob o nome de Sophie, ela conta detalhadamente as violações que sofreu, maioritariamente nas mãos do clero, bem como os abusos de todas as pessoas que se lhe cruzaram pelo caminho. Apesar de tudo, nunca deixou de ser bondosa e questionou constantemente o porquê de tamanha injustiça: por que razão aqueles que eram maldosos e que cometiam crimes singravam na vida e abusavam das boas pessoas, enquanto que estas se viam obrigadas a submeter-se às suas ordens e acabavam na miséria?
 
Toda a narrativa se centra nesta questão filosófica e moral; pode ter sido escrita há séculos e retratar certos costumes de então, mas acho que  é transversal a qualquer época – não fossem todas as injustiças que vemos diariamente em todo o mundo...
 
No aspecto de reflexão que nos permite fazer, a história é excelente, mas não posso deixar passar a repugnância que senti nas descrições mais agressivas. Toda a gente sabe que há pessoas capazes de fazer qualquer coisa por maldade, mas estamos sempre a descobrir actos cometidos que até custam a acreditar – e não é só de agora... Muitas vezes, aqueles que deviam ser nossos protectores são os primeiros a rebaixar-nos... Mas fico-me por aqui, pois daria para escrever uma tese a esmiuçar este livro.
 
Não aconselho esta leitura a pessoas mais sensíveis, mas penso que é um clássico que não deve ser deixado de lado, pois no final guarda uma mensagem importante a ter em conta.

1 comentário:

  1. Interessante sua resenha, ainda não conhecia esse livro!

    http://submersa-em-palavras.blogspot.com.br/

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