Título: Dona Flor e Seus Dois Maridos
Autor: Jorge Amado
Editora: Planeta de Agostini
Ano: 2002 (1.ª edição de 1966)
Sinopse:
Nem por ser desordenado dia de lamentação, tristeza e choro, nem por isso se deve deixar o velório correr em brancas nuvens. Se a dona da casa, em soluços e em desmaio, fora de si, envolta em dor, ou morta no caixão, se ela não puder, um parente ou pessoa amiga se encarregue então de atender à sentinela pois não sei vai largar o alvéu, sem de comer nem de beber, os coitados noite adentro solidários; por vezes sendo inverno e frio.
Para que uma sentinela se anime e realmente honre o defunto presidi-la e lhe faça leve a primeira e confusa noite de sua morte, é necessário atendê-la com solicitude, cuidando-lhe da moral e do apetite.
Opinião:
Não pensei que fosse demorar tanto tempo a ler este livro; apesar de ser
uma obra de pouco mais de 500 páginas e de ter começado a ler perto da
altura da Eurovisão (que me prende por completo), até cerca do meio do
livro a minha leitura foi muito arrastada e forçada. Estava ainda a
conhecer a história e as personagens, mas ainda nada me estava a
cativar.
E do que se trata a história? Literalmente de dona Flor e dos seus dois
maridos! E como é isso possível? Bem, o livro começa por apresentar dona
Flor, excelente cozinheira e professora na escola de culinária Sabor e Arte; fala também de Vadinho, o primeiro
marido de dona Flor, homem dado ao jogo, a festas e à vadiagem, e conta
como aconteceu a sua morte. Dona Flor ficou desolada pela perda do homem
que amava e da sua viuvez tão precoce. Todavia, mais tarde ela é
cortejada pelo doutor Teodoro, um farmacêutico respeitado e de feitio
totalmente diferente de Vadinho, e acaba por se casar com ele. No
entanto, o maior problema surge a seguir, quando Vadinho reaparece na
vida de dona Flor – e o livro conta o resto...
No livro, fiquei a conhecer bem as personagens principais, desde as suas
personalidades até aos hábitos de vida. Algo que marca a história são
as divagações de dona Flor, já que ela nunca se encontra completamente
realizada ou satisfeita e lhe falta sempre alguma coisa (principalmente
durante o luto do primeiro marido). Mas foi a partir do segundo
casamento que a história ganhou ênfase e me interessou mais.
Um dos aspectos que me agradou mais foram as palavras utilizadas pelo
autor, em alguns momentos, para falar de dona Flor: metáforas alusivas à
culinária e que tornaram o texto ainda mais rico e prazeroso de ler.
Mas isso é algo a que Jorge Amado já me habituou... cada vez mais adoro a
sua escrita! Além disso, ler sobre a vida dos brasileiros naquela época (anos 60 do século XX) é sempre algo que me fascina e me lembra aquelas novelas que passam na televisão. Aliás, tenho conhecimento de que esta história já foi adaptada para o cinema, teatro e televisão, e gostava muito de poder ver a história!
Em suma, gostei do livro, mas não foi o meu preferido até agora. No entanto, não deixa de ser uma história imperdível!
Confesso que também não é o meu favorito de Jorge Amado - tal como Mar Morto, é daqueles de que gostei muito, mas não está ao nível de outros... muito divertido de qualquer maneira, tem o toque que só Jorge Amado consegue dar a uma obra.
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