Título: O Alienista
Autor: Machado de Assis
Editora: Cardume Editores
Ano: 2017
Sinopse:
Quem é louco? Esta é a questão que Machado de Assis se coloca neste conto, publicado entre 1881 e 1882 na revista carioca A Estação e logo de seguida no volume Papéis Avulsos. O Alienista
conta a história do eminente doutor Simão Bacamarte, médico e dedicado
estudioso da mente humana, que decide construir a Casa Verde, um
hospício para tratar os doentes mentais na pequena cidade de Itaguaí.
Nesta narrativa, Machado de Assis mostra-nos que tudo é relativo e a
normalidade nem sempre é aquilo que a ciência e os factos atestam de
forma absoluta.
Opinião:
Foi com curiosidade que comecei a ler este livro, pois esperava encontrar uma história engraçada mas que, ao mesmo tempo, passasse uma mensagem para reflectir posteriormente.
Neste conto, o médico Simão Bacamarte trabalha para atingir um grande objectivo: estudar a mente humana e perceber como ela funciona. Com esse propósito, construiu a Casa Verde para internar todos aqueles que considerava loucos. Contudo, as consequências desse estudo geraram uma onda de revolta por toda a região e, tanto na história como na leitura, coloca-se sempre esta questão: afinal, quem é que está louco?
Numa escrita bem-humorada e cheia de ironia, Machado de Assis lança um mote à reflexão sobre a relatividade daquilo que damos como certo e também sobre o perfeccionismo e o egoísmo.
Na minha opinião, o médico Bacamarte representa aqueles que pretendem modelar pessoas e/ou ideias, de modo a tornarem-se perfeitas aos seus olhos. No entanto, todos esses esforços são desnecessários, pois a perfeição é irreal, não existe; cada um tem a liberdade de ser e pensar como quer, sem seguir padrões nem ideais. Neste caso, Bacamarte internou os loucos, agrupou-os segundo as suas regras e estudou avidamente as suas personalidades, chegando ao ponto de reunir toda a população na Casa Verde e de viver apenas para isso. Posto isto, o maior louco não seria ele?
Não querendo alongar-me mais nas minhas cogitações, apenas menciono o meu agrado em ler este conto intemporal. Pode não parecer, mas ele foi escrito em 1881!
Ler faz bem... e torna-nos melhores!