quarta-feira, 4 de maio de 2016

Opinião :: Cacau | Jorge Amado

Título: Cacau
Autor: Jorge Amado
Editora: Planeta de Agostini
Ano: 2002 
 
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Sinopse:
Saltei em Ilhéus com dezesseis mil e quatrocentos, uma pequeno trouxa de roupa e uma grande esperança não sei mesmo de quê.
 
Um carregador me informou que pensão para quem procura trabalho só na Ilha das Cobras, aglomerado de ruelas que se escondia no fim da cidade pequena e movimentada. E até me recomendou a casa de D. Coleta, onde o sarapatel era suculento. Era suculento de verdade. Mas por ele e pela cama em que dormia eu pagava diariamente dois mil-réis. Passei quinze dias na pensão de D. Coleta. Já devia quatorze mil-réis e ela fez-me ver que tinha sido muito condescendente comigo, que eu pelo menos deixasse o quarto e a bóia para outro hóspede que pudesse pagar. Ela era pobre e não podia...
 
Peguei a minha trouxa e saí. O cacau nesse ano começara a cair e não estava muito fácil arranjar trabalho.

Opinião:
Cacau é um livro escrito em 1933 e começa com uma nota introdutória do autor: «Tentei contar neste livro, com um mínimo de literatura para um máximo de honestidade, a vida dos trabalhadores das fazendas de cacau do sul da Bahia.». De facto, este livro é-nos contado na primeira pessoa por um trabalhador sergipano, onde relata a vida quase escrava dos mais pobres que iam trabalhar para as fazendas dos coronéis. São-nos apresentadas várias críticas à disparidade social, como a desigualdade e a exploração, a vida boémia da elite e a miséria dos trabalhadores. Mas o ponto principal que o narrador nos faz notar é a "consciência de classe". Os comportamentos de cada classe são completamente diferentes; enquanto que os ricos são mais egoístas e incompreensivos, os pobres são honestos e mais unidos, sendo que o autor dá relevância aos valores dos mais desfavorecidos.
 
À parte disto, assistimos ao breve romance entre o sergipano e Mária, a filha do coronel Misael, dono da fazenda onde trabalha. Um romance que poderia ter dado certo, caso um deles aceitasse mudar de estatuto (mais um realce à consciência de classe).
 
Inicialmente, a leitura não me cativou muito, dificultada um pouco pela gíria do português do Brasil. No entanto, as últimas páginas surpreenderam-me e fizeram com que percebesse toda a história e gostasse um pouco mais do que acabara de ler. O livro é pequeno e contém bastantes ilustrações, pelo que se lê relativamente rápido.
 
É um bom livro para conhecer e compreender a vida e os costumes das várias classes sociais brasileiras daquela época.
 
Foi o primeiro livro que li de Jorge Amado e irei com certeza ler mais, já que tenho uma colecção com mais de 30 livros para ler. 🙂

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