quinta-feira, 25 de junho de 2020

Livro recebido :: "A Vida Invisível de Eurídice Gusmão"

Título: A Vida Invisível de Eurídice Gusmão
Autora: Martha Batalha
Editora: Porto Editora
Ano: 2016

Comprar: Bertrand | WOOK

Sinopse:
Rio de Janeiro, anos 40.

Quando Guida Gusmão, perdida num amor proibido, desaparece da casa dos pais sem deixar rasto, a irmã Eurídice prometeu ser a filha exemplar, a que nunca faria algo que trouxesse novo desgosto aos pais. E Eurídice torna-se a dona de casa perfeita, casada com Antenor, um bom marido, apesar de tudo, ou apesar do nada em que a vida de Eurídice se tornou.

A vida de Eurídice Gusmão é em muito semelhante à de inúmeras mulheres nascidas no início do século XX e educadas apenas para serem boas esposas. Mulheres como as nossas mães, avós e bisavós, invisíveis em maior ou menor grau, que não puderam protagonizar a sua própria vida.

Capaz de abordar temas como a violência, a marginalização e até a injustiça com humor, perspicácia e ironia, Marta Batalha é acima de tudo uma excelente contadora de histórias que tem como principal compromisso o prazer da leitura.

domingo, 21 de junho de 2020

Opinião :: Assuntos do Coração | Danielle Steel

Título: Assuntos do Coração
Autora: Danielle Steel
Editora: Bertrand Editora
Ano: 2015

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Sinopse:
Marcada pelos seus dramas pessoais, Hope Dunne, célebre fotógrafa nova-iorquina, leva uma vida solitária e dedicada ao trabalho. Não anda à procura do amor, mas ele acontece quando vai a Londres fotografar um dos mais aclamados escritores do mundo.
Carismático e sedutor, Finn O'Neill é muito diferente das personagens sombrias dos seus romances. Seduzida, Hope aceita o convite para a maravilhosa propriedade que Finn tem na Irlanda.
Isolados, os dois amantes vivem semanas de amor idílico. Até que o verniz da perfeição começa a estalar…
Uma história inesquecível sobre os perigos do amor obsessivo e os segredos mais negros que por vezes espreitam à superfície de vidas comum.

Opinião:
Este livro aborda literalmente assuntos do coração, neste caso uma paixão que surgiu quase repentinamente entre a fotógrafa Hope Dunne e o escritor famoso Finn O'Neill.
Hope é uma mulher independente, divorciada mas com uma óptima relação com o ex-marido (por razões que se descobrem no livro) e livre. Já com os seus 44 anos, não tem pressa de voltar a apaixonar-se. No entanto, após uma sessão fotográfica que fez a Finn, já conhecido por ser mulherengo, ele acaba por a enfeitiçar e ambos iniciam uma relação cheia de paixão. Ele também está na casa dos 40 e sente que tem de aproveitar o momento para os seus grandes objectivos: casar e ter filhos.

Hope e Finn vivem um amor idílico, mas as coisas começam a piorar passado algum tempo. É então que surgem os tais assuntos do coração que, na vida real, também acontecem a inúmeras pessoas: quando o amor se torna doentio e aparecem dilemas difíceis de lidar.

Achei a escrita do livro um pouco maçadora, principalmente nos diálogos dos protagonistas e na descrição da sua vida a dois. Tal pormenor fez-me achar que Hope era um bocado inocente de mais nas mãos de Finn, não tendo reparado nos sinais que ele lhe ia dando, tal como eu reparei. Na verdade, quem ama realmente alguém, muitas vezes não vê o que é óbvio.

O final não me surpreendeu mas também não foi bem o que imaginava. A história é boa e retrata muitos casos actuais de relações perigosas, repletas de mentiras e de interesses. No final, prevalece a mensagem de que é preciso não deixar levar estas relações avante e procurar ajuda, porque pode não matar mas pode moer. Deve dar-se realmente valor ao amor próprio e ao que nos faz sentir felizes, sem nos sentirmos oprimidos.

Pela moral, o livro vale a pena ser lido, mas não foi um livro que adorei.

segunda-feira, 15 de junho de 2020

Opinião :: O Carteiro de Pablo Neruda | Antonio Skármeta


Título: O Carteiro de Pablo Neruda
Autor: Antonio Skármeta
Editora: Círculo de Leitores
Ano: 1997 (1.ª edição de 1985)

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Sinopse:
Mario Jiménez, jovem pescador, decide abandonar o seu ofício para se converter em carteiro da Ilha Negra, onde a única pessoa que recebe e envia correspondência é o poeta Pablo Neruda. Mario admira Neruda e espera pacientemente que algum dia o poeta lhe dedique um livro ou aconteça mais do que uma brevíssima troca de palavras ou o gesto ritual da gorjeta. O seu desejo ver-se-á finalmente realizado e entre os dois vai estabelecer-se uma relação muito peculiar. No entanto, a conturbada atmosfera que se vive no Chile daquela época precipitará um dramático desenlace…

Através de uma história tão original como sedutora, Antonio Skármeta consegue traçar um intenso retrato da convulsa década de setenta no país andino, assim como uma recriação poética da vida de Pablo Neruda.

Opinião:
Este livro foi-me aconselhado ler pela minha irmã e, sem saber o que esperar dele, comecei a ler.
O livro fala do jovem Mario Jiménez que decidiu mudar de profissão e tornou-se carteiro, mas um carteiro especial, pois entregava correspondência na Ilha Negra e apenas a um morador: Pablo Neruda. Com tamanho privilégio, Mario começou a tentar captar a atenção do poeta e em pouco tempo surgiu uma boa amizade. Portanto, a história baseia-se na relação entre os dois homens e na evolução da vida de ambos, tendo em conta também a conjuntura do país deles.

O livro é bastante rico em figuras de estilo, particularmente em metáforas; aliás, as metáforas foram essenciais para o começo desta amizade entre o poeta e o carteiro. Com muito humor e muitas metáforas, Pablo Neruda ajudou Mario a conquistar a jovem Beatriz González e a enfrentar a futura sogra, Dona Rosa. Por sua vez, Mario ajudou Neruda a recordar a sua Ilha Negra, quando se encontrava a viver em Paris, e celebrou a sua conquista do Prémio Nobel da Literatura.

Esta é uma obra que vale a pena conhecer por se tratar de uma relação pouco provável mas muito próxima, além de ser bastante bem humorada e ter episódios engraçados. Nela, valoriza-se a amizade e, de uma forma especial, valorizam-se as palavras. É também um retrato do Chile dos anos 70 e uma forma de conhecer um pouco melhor o poeta chileno Pablo Neruda.

Por ser um livro pequeno e muito bem escrito, este é um livro que se lê rapidamente mas que proporciona um óptimo momento de leitura.

sexta-feira, 12 de junho de 2020

Livro recebido :: "Paixão Sublime"

Título: Paixão Sublime
Autora: Lisa Kleypas
Editora: 5 Sentidos
Ano: 2013

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Sinopse:
A boca dela roçou a dele, sedosa, macia e quente… e ele sentiu o estonteante toque da sua língua... e deixou-se afogar num prazer imoderado, poderoso, como nunca havia sentido.

Evangeline Jenner é a mais tímida de quatro jovens londrinas em busca de marido.

Para escapar às garras da família, decidida a roubar-lhe a herança, Evie pede ajuda a Sebastian, Lord St. Vincent, um conhecido libertino, fazendo-lhe uma proposta irrecusável: que se case com ela, trocando riqueza por proteção.

Mas a proposta impõe uma condição: depois da noite de núpcias, os dois não voltarão a encontrar-se na intimidade, pois Evie não quer ser mais um coração partido na longa lista de conquistas de Sebastian.

A Sebastian resta esforçar-se mais para seduzir Evie… ou entregar finalmente o coração, em nome do verdadeiro amor.

terça-feira, 9 de junho de 2020

Opinião :: As Cartas Perdidas de Auschwitz | Anna Ellory


Título: As Cartas Perdidas de Auschwitz
Autora: Anna Ellory
Editora: Topseller
Ano: 2020

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Sinopse:
Poderá o amor iluminar os tempos mais sombrios?
Pouco depois da queda do Muro de Berlim, em 1989, Miriam regressa a casa para cuidar do pai em estado terminal. Quando se apercebe dos números tatuados no pulso de Henryk, escondidos pela bracelete do relógio, Miriam descobre que o pai fora prisioneiro de Auschwitz. Como poderá esta parte da sua vida ter ficado escondida durante tantos anos? E quem é Frieda, por quem Henryk tanto chama?
Ao procurar mais pistas sobre o passado da família, Miriam encontra entre os pertences da mãe um uniforme de uma prisioneira de Ravensbrück, um campo de concentração feminino na Alemanha. Escondidas nas bainhas do vestido estão dezenas de cartas de Frieda para Henryk, que, além dos seus relatos pessoais, narram a perturbadora história das «Coelhas», mulheres usadas como cobaias em experiências médicas. 
Intrigada por um passado que lhe foi ocultado e desesperada por fugir aos seus próprios demónios, Miriam decide descobrir a verdade sobre a sua família. Porém, ao reconstituir uma história de amor escondida durante décadas, depara-se com uma realidade de sofrimento e de perda. São as vozes das mulheres narradas nas cartas, a sua coragem e resiliência, que a inspiram a recuperar as rédeas da sua vida.

Opinião:
Comecei a leitura deste livro com muita vontade de conhecer esta história.
Em pleno marco histórico que foi a queda do Muro de Berlim, acontece uma necessidade de descoberta de pormenores acerca da Segunda Guerra Mundial, mais propriamente sobre Auschwitz. Miriam, que vai cuidar do pai em estado terminal, descobre que muito do seu passado e o da família têm mistérios que devem ser desvendados, e isso deve-se ao seu pai chamar por Frieda, que Miriam não conhece, e às cartas que encontrou escondidas num vestido da mãe. Nas cartas, ela fica a conhecer a realidade que as "coelhas" viveram durante a Guerra e a verdadeira origem da sua família.


O livro é fácil de ler, por ter capítulos pequenos, mas é pesado do início ao fim, pela dureza da realidade; não só se conhece o terror por que muita gente passou nos campos nazis, como também se observam as dificuldades com que Miriam lida todos os dias. Ao longo do livro, vemos que Miriam é uma pessoa insegura e vítima do seu marido, mas que a descoberta de um testemunho de guerra a faz tornar-se mais forte e capaz de superar tudo, tal como quem sobreviveu à guerra.

Já li alguns livros sobre este tema, mas todos eles me conseguem chocar como se conhecesse o assunto pela primeira vez. Houve relatos que me deixaram completamente incapaz de acreditar que isso realmente aconteceu. Lá, não havia dignidade nem o mínimo sentimento de humanidade, e ver que houve gente que conseguiu sobreviver a tudo isso, faz com que possamos acreditar que podemos ultrapassar qualquer dificuldade na vida.

O final foi ligeiramente expectável, mas não deixou de me surpreender. O livro é muito emotivo e vale muito a pena ser lido.

sábado, 6 de junho de 2020

Livro recebido :: "O Desempregado"

Viva! Esta semana recebi o livro O Desempregado, gentilmente enviado pelo autor Ricardo Tomaz Alves. Brevemente, irei lê-lo e falar-vos um pouco sobre ele, mas por agora deixo-vos a sua sinopse para vos atiçar a curiosidade.

Título: O Desempregado
Autor: Ricardo Tomaz Alves
Editora: Chiado Books
Ano: 2020


Sinopse:
Este é um romance sobre um jovem que perde o emprego e que na luta para conseguir outro passa por entrevistas mirabolantes. Acaba por conhecer uma jovem ativista que lhe mostra todo um mundo novo e acaba por meter-se em situações com as quais nem sequer imaginara (entre elas o rapto a um alto representante do Governo). Irá este jovem perder-se no emaranhado de desespero e depressão em que o desemprego se pode por vezes tornar ou encarar esta situação como uma oportunidade de explorar novas oportunidades, tanto de emprego como de vida?

Podem também conhecer melhor o autor e segui-lo no Goodreads, no Facebook e no Instagram.

quinta-feira, 4 de junho de 2020

Opinião :: Os Treze Enigmas | Agatha Christie

Título: Os Treze Enigmas
Autora: Agatha Christie
Editora: RBA Coleccionables
Ano: 2008 (1.ª edição de 1932)

Comprar: Bertrand | WOOK

Sinopse:
O Clube das Terças-feiras reúne-se em casa de Miss Marple e as conversas decorrem em torno de crimes por resolver. Cada membro do grupo expõe o «seu» caso, de que só ele conhece a solução, cabendo aos outros convivas provarem até que ponto são bons observadores e ouvintes, tentando deslindar os mistérios apresentados.
O crime passa a ser o argumento principal dos serões em St. Mary Mead.

Opinião:
Este livro de Agatha Christie trata-se de, literalmente, treze enigmas para resolver. O Clube das Terças-feiras foi criado por acaso numa reunião em St. Mary Mead e aí se reúne sempre naquele dia da semana. No livro, são-nos apresentados treze capítulos que correspondem a cada crime que cada pessoa conta. Perante os variados casos, as personagens vão dando os seus palpites, mas quem vai prevalecer ao desvendar todos eles será Miss Marple.

Já não é o primeiro livro que leio da autora em que a obra está dividida em pequenas histórias. Pessoalmente, também gosto de ler estes pequenos contos, se bem que prefiro uma história mais misteriosa que ocupe todo o livro. Gostei de todas elas, mas destaco: O pavimento manchado de sangue, pelo caso intrincado e ligeiramente arrepiante; O gerânio azul, pela elaboração do crime parecer quase paranormal; e O caso do bungalow, por ser um crime relacionado com uma das personagens que pertence ao grupo.

Miss Marple é uma personagem simples: é uma senhora de idade que nunca saiu da sua terra, St. Mary Mead, e cuja capacidade de desvendar crimes se baseia no aprofundado conhecimento da natureza humana. Cada resolução que apresenta ao longo dos capítulos revela uma grande inteligência e atenção, deixando tanto as outras personagens como os próprios leitores impressionados com a sua perspicácia.
O livro é muito bom de ler e vale a pena descobrir todas as histórias que inclui.

segunda-feira, 1 de junho de 2020

Divulgação :: Pesadelos Despertos | Rúben Martins

"Pesadelos Despertos": da curiosidade, à loucura
ou à possibilidade de o irreal se tornar real

Pesadelos Despertos, assim se intitula a primeira obra que Rúben Martins lança motivado por, segundo ele, «poder contribuir para que o leitor se desligue de tudo o resto». Atraído pela literatura que aborda mistério, supense, terror e fantasia, o nosso autor aventurou-se neste campo e apresenta-nos um livro que, através de cinco contos, explora o medo que, refere, «está presente em cada um de nós». A não perder, com chancela Chiado Books.

Título: Pesadelos Despertos
Autor: Rúben Martins
Editora: Chiado Books
Ano: 2019


Sinopse:
Cinco histórias que desafiam a razão, o medo e o receio do ser humano. A curiosidade, o lado negro de cada um, a sensação de isolamento, seres sombrios e mitológicos que se cruzam connosco e nos fazem viver os piores pesadelos. Locais assombrados há muito esquecidos que guardam histórias nunca antes contadas.
Conheça os segredos de Twin Falls, uma cidade onde o mal prevalece à espreita em cada esquina. Tranque as portas e janelas da sua casa, sente-se confortável, e mergulhe neste mundo onde os pesadelos não são um sonho, mas sim uma realidade!

➺ O que o levou a escrever esta Obra?
Rúben Martins (RM): Desde muito cedo que me interessei por este género literário. O mistério/suspense/terror/fantasia sempre me chamou bastante a atenção, mantinha-me preso à leitura do início ao fim. Li muito de Stephen King, Allan Poe, H.P Lovecraft, Dan Brown, J.R. Tolkien, entre muitos outros. Recordo-me de entre os meus dez e quatorze anos, ficar na rua até tarde com os meus amigos e contarmos histórias que nos faziam ir depois para casa sempre a olhar por cima do ombro. É esse o tipo de sentimento que procuro no leitor. Criar o medo de uma forma mais psicológica, colocando-o na pele da personagem que vive a história. O gosto em contar histórias, e poder contribuir para que naquele instante o leitor se desligue de tudo o resto, é algo que me dá bastante prazer.

➺ O que pode o leitor esperar?
RM: Este livro trata-se de um conjunto de cinco contos, com situações e personagens bastante distintas. Exploro a curiosidade que existe dentro de cada um, a loucura, a dúvida, a materialização dos sonhos, e a possibilidade do que é irreal se tornar real. Pode ser uma obra em certo ponto "negra", e que explora o psicológico das personagens. O medo está presente em cada um de nós, e pode tomar diversas formas.

➺ Como foi o processo criativo?
RM: Grande parte das minhas histórias têm como ideia base algo que experienciei, pessoas que conheço ou conheci, ou locais que visitei. A curiosidade de Sally, tem como personagem principal um tipo de pessoa que todos nós conhecemos, temos até um nome engraçado para a classificar, ''a coscuvilheira''. O que acontece quando uma pessoa com essa característica se depara com algo que não está à espera? No conto ''O espantalho'', o local é real. Durante muitos anos, os meus avós viveram no meio do campo, e era comum que eu passasse alguns dias das férias de Verão com eles. Num desses anos, ao explorar pela zona, eu e o meu primo descobrimos uma casa abandonada onde existia um espantalho no campo que ficava nas traseiras da mesma. Quanto ao último conto do livro, ''Benock'', ele teve como inspiração um pesadelo que tive por algumas vezes enquanto criança.