quarta-feira, 12 de fevereiro de 2020

Opinião :: As Gémeas de Auschwitz | Eva Mozes Kor & Lisa Rojany Buccieri

Título: As Gémeas de Auschwitz
Autoras: Eva Mozes Kor & Lisa Rojany Buccieri
Editora: Alma dos Livros
Ano: 2019 (2.ª edição)

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Sinopse:
«Se eu tivesse morrido, Mengele teria dado uma injeção letal à minha irmã para fazer uma autópsia dupla. Só me lembro de repetir para mim mesma: tenho de sobreviver, tenho de sobreviver.» Eva Mozes Kor

As portas do vagão abriram-se pela primeira vez em muitos dias e a luz do dia brilhou sobre nós. Agarrei bem a mão da minha irmã gémea quando nos empurraram para a plataforma.
- Auschwitz? É Auschwitz? Que sítio é este?
- Estamos na Alemanha - foi a resposta.
Na verdade, estávamos na Polónia, mas os Alemães tinham invadido a Polónia. Era na Polónia alemã que se situavam todos os campos de extermínio.
Os cães rosnavam e ladravam. As pessoas do vagão começaram a chorar, a berrar, a gritar todas ao mesmo tempo; todos procuravam os seus familiares à medida que eram afastados uns dos outros. Separavam homens de mulheres, filhos de pais.
Um guarda que ia a passar a correr parou bruscamente à nossa frente. Olhou para Miriam e para mim nas nossas roupas a condizer: «Gémeas! Gémeas!», exclamou. Sem dizer uma palavra, agarrou em nós e separou-nos da nossa mãe. Miriam e eu gritámos e chorámos, suplicámos, as nossas vozes perdidas entre o caos, o barulho e o desespero, tentando chegar à nossa mãe, que, por sua vez, tentava seguir-nos, de braços estendidos, com outro guarda a retê-la.
Miriam e eu tínhamos sido escolhidas. De repente, estávamos sozinhas. Tínhamos apenas dez anos. E nunca mais voltámos a ver nem o nosso pai nem a nossa mãe.

Opinião:
Este livro é pequeno em tamanho mas é enorme em conteúdo. Devorei o livro em menos de dois dias e fiquei bastante sensibilizada com a história. As Gémeas de Auschwitz não é apenas mais um relato sobre as experiências de Dr. Mengele feitas a todos os gémeos que lhe passaram pelas mãos; é um desabafo daquela que foi uma simples criança que se viu enxovalhada por ser judia, apesar de ser igual a todas as outras; é sentir o terror e o desprezo que aquelas pessoas sentiram enquanto esperavam por uma morte (quase sempre) certa; e, apesar de tudo, é louvar a resiliência da então pequena Eva em aguentar cada dia na esperança de se salvar a si e à irmã Miriam.
 
Eva relatou com pormenor toda a sua vivência desde que começou a ser vigiada na sua terra natal pelos soldados nazis, bem como no tempo em que foi submetida a experiências forçadas, até depois de ter sobrevivido à Guerra. Eva mostrou-se a mais forte das gémeas e, pode dizer-se, foi por ela que ambas sobreviveram.
 
As experiências de Dr. Mengele deixaram-lhes mazelas para toda a vida, principalmente em Miriam, cujos rins não desenvolveram. Mas, apesar de tudo, tanto Miriam como Eva tiveram uma vida longa e realizada.
 
O livro tem uma história dura mas passa uma forte mensagem de perdão e esperança de nunca mais voltar a acontecer uma guerra assim. O ideal seria não haver mais guerras, mas...
 
Eva faleceu em 2019, mas deixou este livro de memórias que deveria ser lido por todos.

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